Lula na cadeira dos réus

A jararaca será pisada pelo solado dos juízes. Não terá o destino épico de outro cabra macho da região, o Capitão Virgolino, o lendário Lampião, que morreu lutando e entrou para a história.

Finalmente, saiu a primeira condenação do ex-metalúrgico que nunca trabalhou e jamais leu um livro e não obstante virou presidente. Responde a cinco ações perante dois juízes federais, em Curitiba e Brasília. É réu por ocultar a propriedade do triplex, obtido como parte de propina da OAS. Noutra ação responde pela propina de R$ 12,4 milhões da Odebrecht em troca da construção do Instituto Lula. Os diretores delatores dessas empresas já confirmaram esses fatos. As apelações no TRF do Rio Grande do Sul demoram, em média, 120 dias. A condenação em 2ª instância o impede – tadinha da Gleisi – de ser candidato, sonho dourado do PT.

Segundo notícias recentes do jornal de negócios Valor, a denúncia do triplex contextualiza informações sobre o fato de Lula ser o suposto líder de organização criminosa que teria sido montada durante seu governo para assaltar os cofres da Petrobras e outros, como os dos fundos de pensão.

No entanto, a acusação sobre suposta organização criminosa contra Lula decorre de outra investigação, a Operação Janus, que deu origem à ação penal que tramita na 10ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal e está sob a tutela do juiz Vallisney de Oliveira. Nesse processo, Lula é réu também por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. A ação tem como foco a liberação de US$ 7 bilhões do BNDES para a Odebrecht, entre 2010 e 2014, e a contratação, pela empreiteira, de empresa de Taiguara Rodrigues dos Santos, a Exergia, para a prestação de serviço em obras realizadas em Angola. Rodrigues é sobrinho da primeira mulher de Lula. A empresa foi “montada” apenas para favorecer as matrocas de Lula. Angola, como se sabe, é governada por um tirano de esquerda, desde a descolonização portuguesa. Isabel, sua filha, é a mulher mais rica da África subsaariana.

Segundo a delação premiada de Marcelo Odebrecht, a contratação da empresa de Rodrigues, que não tinha experiência em construção civil, ocorreu com o propósito de usar suposta influência de Lula. A Exergia recebeu R$ 20 milhões de 2009 a 2015, de acordo com o MP. A parte do ex-presidente é alta.

Na 10ª Vara Federal do Distrito Federal tramita processo a que Lula responde por obstrução à Lava-Jato por meio da suposta tentativa de compra do silêncio do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Ceveró, que acabou firmando acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República (PGR). Nessa ação, são réus ainda o ex-senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS), também delator e que confessou participação no caso, o banqueiro André Esteves (que seria o financiador do plano) e o pecuarista José Carlos Bumlai. Nesse processo, que aguarda a conclusão de diligências para entrar na fase de alegações finais, Lula conta com 38 advogados atuando em sua defesa.

A terceira ação penal na 10ª Vara Federal do Distrito Federal decorre da Operação Zelotes. Nela, o ex-presidente é acusado de ilícitos que envolveriam a compra de caças suecos Gripen para a Força Aérea Brasileira e a aprovação de medida provisória que beneficiou montadoras de veículos, a MP 627/2013. Nessa ação, também são réus o filho de Lula, Luís Cláudio, e os empresários e lobistas Mauro Marcondes e Cristina Mautoni. O MP afirma que os crimes ocorreram durante a Presidência e também quando Lula não era mais presidente, mas teria usado de sua influência para enriquecimento próprio e de seus familiares. Lula integrava o esquema que vendia a promessa de interferência em decisões da então presidente Dilma Rousseff para beneficiar as empresas MMC, Caoa e Saab – fabricante do caça, todas clientes da consultoria Marcondes e Mautoni Empreendimentos e Diplomacia Ltda. O nome já sugere a que veio.

Lula também foi denunciado pelo MP em Curitiba por suposta corrupção e lavagem de dinheiro que seriam resultado da aquisição de um sítio em Atibaia (SP). Recebia bens em vez de dinheiro em “contratos imobiliários de gaveta”.

De acordo com a denúncia, o petista se beneficiou de R$ 1,02 milhão em benfeitorias realizadas na propriedade, que era frequentada por ele e seus familiares. As reformas e melhorias teriam sido custeadas pela Odebrecht e OAS. O MP diz que Lula é o “proprietário de fato” do imóvel, registrado em nome dos empresários Jonas Suassuna e Fernando Bittar.

A jararaca será pisada pelo solado dos juízes. Não terá o destino épico de outro cabra-macho da região, o Capitão Virgolino, o lendário Lampião, que morreu lutando e entrou para a história. Reza a lenda que entrou para a cangaço por causa de injustiças, ao contrário de Lula, fazedor de malfeitos. Aliás, diga-se que parte das denúncias vazias contra Temer teria por objetivo tirar Lula do foco do noticiário. Não conseguirão. O povo não esquece, exceto os 25% do eleitorado petista fanático, que sempre vota com o partido. Caro ex-presidente, como dizia o poeta Drummond, “no caminho tem uma pedra”… Seu nome é o juiz federal Moro.

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