Impeachment, salvação

Como podem os “intelectuais de esquerda” ser tão crédulos, a ponto de tentar tapar o Sol com peneira?

Tivemos severa crise econômica e progressivo desemprego. O governo Dilma, ao segurar os preços dos combustíveis e da energia e esticar o crédito, aumentou artificialmente o consumo acima da capacidade de pagamento das famílias. Para empurrar o PAC, endividou o Tesouro – estamos a beirar uma dívida pública de 80% do PIB se nada for feito –, pondo em risco nossas reservas, justamente quando assistimos ao início de uma fuga anunciada de capitais do país por causa da persistente crise política. Se houver impeachment, rapidamente as coisas se resolvem pela reversão das expectativas dos agentes econômicos. Em caso contrário, afundaremos no abismo sem fundo do caos (desinvestimento, desemprego, depressão e inflação).

É por essa ótica que as empresas e seus responsáveis enxergam a situação. O impeachment, por estar previsto na Constituição, é para ser usado quando necessário; portanto, não é golpe político, à margem da lei. Incompreensível enxergar racionalidade no PT ao chamá-lo de “golpe constitucional”. Das duas, uma: ou são mentes confusas ou agem, deliberadamente, de má-fé.

Dilma se diz grampeada, quando até o porteiro do seu palácio sabe que o grampo era nos telefones de Lula. Má-fé? Quem falasse com ele ficava marcado na escuta judicialmente determinada. Pela escuta, soube-se que a presidente, antes de dar posse e exercício a Lula, sem o quê ninguém se torna ministro, mandou o sr. “Messias” entregar-lhe um termo de posse assinado por ela, “caso fosse necessário”, para livrá-lo da prisão. E lá vem ela, para se desculpar, dizer que o documento não tinha a sua assinatura. Sem ela de nada valeria. Com isso cometeu crime de prevaricação e atentou contra a probidade administrativa, que o artigo 85 da Constituição diz constituir crime de responsabilidade. Agiu para proteger terceiros da prisão usando o cargo.

Lula se diz “do povo”, mas seus amigos malfeitores são apenas de dois estamentos: “os companheiros do sindicato” e os maiores e “mais ricos” empresários de engenharia do país. Juntaram-se, empreiteiros e os sindicalistas, para saquear as estatais, principalmente a Petrobras e as obras do PAC, refinarias e usinas hidrelétricas, em prejuízo do povo, acorrentado como animal faminto às migalhas do Bolsa-Família e aos financiamentos à “sonhada” casa própria, às custas do Tesouro e do FGTS.

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Argentinos, venezuelanos e, agora, brasileiros se vão por não mais acreditar em seus países, suprema vergonha, dolorosa desilusão. / Foto: Ricardo Stuckert/PR – Agência Brasil

Este é um governo honesto? É um governo socialista? É um governo eficaz? Como podem os “intelectuais de
esquerda” ser tão crédulos, a ponto de tentar tapar o Sol com peneira? Não se dão conta de que pactuam com a corrupção, a roubalheira, a podridão moral? Acham que as delações são falsas? A Operação Lava-Jato já recuperou milhões dos dólares furtados dos cofres públicos. São notas falsas ou provas inequívocas do esquema criminoso dos governos do PT? Acusam o impoluto juiz Moro de prender preventivamente – por razões jurídicas –, senão os tribunais não as manteriam com o fito de forçar os réus a confessar seus crimes impatrióticos. Dizem que “direitos humanos” estão sendo violados. Não fossem as delações, jamais saberíamos das tenebrosas transações do PT e das empreiteiras. Nossos direitos é que valem.

Lula jamais foi socialista, tampouco democrata; não passa de um sindicalista esperto desde São Bernardo, um aproveitador de mentes “viciadas na esquerda”, por causa da luta comum contra a ditadura. Seu lugar na história é ao lado dos grandes demagogos e merece – apurados os fatos – pagar seus crimes na cadeia se os tiver praticado.

O panorama da intelectualidade brasileira de esquerda, mormente nas universidades, nas áreas de humanas e sociais, é de assustadora pobreza. Não se dão conta de que o mundo de amanhã já superou, faz mais de 40 anos, a dicotômica divisão “esquerda versus direita”. Ela não existe mais. O futuro está a exigir ética no governo, nos negócios e um Estado regulador. Todos os países têm técnicas anticorrupção e existem redes de tratados internacionais sobre o assunto. O Brasil passa ao largo desse debate, como Burkina Faso e a Guiné Equatorial. A crise da representatividade política e o estanque da crescente desigualdade econômico-social que frequentam os debates nas democracias europeias não se fazem presentes em nosso país, por causa do baixo nível de sua intelectualidade universitária (sociologia, ciência política e antropologia).

As classes abastadas e médias do Brasil procuram cada vez mais fixar-se nos EUA e Portugal, como que atestando a sua desilusão com o país, sem solução. A emigração tem vários motivos. Outrora, irlandeses, galegos e italianos emigravam, fugindo da fome. Ingleses e alemães das perseguições religiosas. Libaneses em busca de oportunidades. Hoje, sírios, iraquianos e afegãos, pela destruição dos seus países. Argentinos, venezuelanos e, agora, brasileiros se vão por não mais acreditar em seus países, suprema vergonha, dolorosa desilusão. E dizer que nada disso precisava acontecer!

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