A solução devida

O impedimento é politicamente possível, economicamente necessário e eticamente aconselhável.

PT surgiu na esteira das forças opostas à ditadura militar, mas quis se apartar do PMDB (representante da burguesia por ele considerada corrupta). O MDB, a seu turno, cindiu-se para dar lugar ao PSDB, inspirado nos partidos social-democratas da Europa (centro-esquerda). Hoje, são as principais correntes políticas, porém sem a capilaridade do PMDB ancestral.

À altura de 2015, porém, o PT parece desintegrar-se por três motivos. Primeiro, ergueu bem alto a bandeira da ética na política, mas tornou-se o partido mais corrupto do país desde a proclamação da República. Em segundo lugar, nos últimos 30 anos (1985-2015), o país tornou-se 90% urbano e uma emergente classe média, não sindicalizada, tomou corpo, antagonizando os movimentos sociais oportunistas e violentos patrocinados pelo PT (sem-terra, sem-casa, etc.).

Por último, o PT enquanto seguiu a política econômica de FHC deu-se bem. Com aumentar salários acima da produtividade do trabalho e estipular o crédito sem cautela deu-se mal e despertou a inflação sem fazer nenhuma reforma na infraestrutura. Politicamente, aliou-se a 26 partidos e ingressou com força na demagogia populista e na corrupção mais deslavada, contando que o “culto à personalidade” de Lula o manteria no poder por décadas (retorno à era Vargas).

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O nosso problema político tem nome. É Dilma. A confiança no seu governo é nula, dentro e fora do país. Sem confiança, nada neste mundo frutifica. / Foto de Valter Campanato

Agora estamos com esse estrupício de governo, o de sua títere, primária e incompetente, que ele inventou de propósito como a “mãe do aceleramento do crescimento”, o PAC. Como resultado, o país “empacou”. Nos regimes parlamentaristas, sejam monarquias (Espanha, Reino Unido, Holanda), sejam repúblicas (Alemanha, Portugal, França), o Executivo e o Legislativo – os poderes políticos – não têm prazo fixo. Ficam enquanto resolvem os interesses da sociedade, que são mutantes e ocasionais. Assim, tanto o governo quanto o Parlamento podem ser dissolvidos e convocadas novas eleições para auscultar a vontade majoritária do povo, resolvendo os impasses políticos. A Europa inteira e boa parte da Ásia são parlamentaristas. A África do Sul também, mas o resto do continente e as Américas do Sul, Central e do Norte, à exceção do Canadá, são presidencialistas (o que, muitas vezes, redunda em ditaduras disfarçadas, como na Venezuela). A China é peculiar, por ser unipartidária, mas dividida em “partidos” dentro do “partidão”.

O presidencialismo-mor, o norte-americano, criou dois instrumentos de deposição de representantes eleitos, porém indesejáveis, por razões éticas e práticas. Um para destituir membros do Poder Executivo, o impeachment, e outro para depor membros do Legislativo, o recall. O povo que elege também deselege, se há o motivo previsto na lei. Assim é porque, no presidencialismo, os mandatos têm prazo fixo. Se as coisas se arruínam o povo não deve nem pode ficar inerte, daí os dois institutos jurídicos acima referidos.

A nossa presidente é tão inculta e arrogante que até parece desconhecer a Constituição. Muitos acham que realmente ela a ignora. Anda a dizer coisas desconexas, sua fala e pensamento são atrapalhados, parecem contrariar a lógica. Para ela, sua remoção do governo é “golpe”. Só pensa nela, desconhece que está sacrificando a nação e fazendo o povo sofrer.

O nosso problema político tem nome. É Dilma. A confiança no seu governo é nula, dentro e fora do país. Sem confiança, nada neste mundo frutifica. Os brasileiros se desencantaram integralmente (7% de aprovação incondicional).

É preciso, senhora presidente, ter grandeza. Sua renúncia seria bem-vinda, dentro e fora do país. Um novo padrão político e econômico seria estabelecido. A continuidade de seu governo é o motivo da crise pela qual passamos. Até Bento renunciou ao papado. Removê-la não será golpe se estiver de acordo com a lei.

Ora, se a Constituição prevê o impeachment, o governo é corrupto (fato notório independe de prova) e a presidente é incapaz, não sabe governar, e ainda é mal assessorada, como apontou o ex-ministro Joaquim Barbosa, por que haveremos de sofrer mais três anos e meio? O seu impedimento por inúmeras injúrias à Lei de Responsabilidade Fiscal e às leis eleitorais (no TSE e no TCU abriram processos contra ela) é a melhor solução. Hoje, 68% da população do país a considera ruim ou péssima. Sejamos práticos. Por muito menos, Nixon, nos EUA, e Collor, no Brasil, renunciaram. Se ela sair o país terá uma injeção de ânimo fora do comum. O futuro ressurgirá com força. O país mudará da água para o vinho. O impedimento é politicamente possível, economicamente necessário e eticamente aconselhável.

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