A carne é forte

Em outras situações de embargo a produtos brasileiros, como no caso da vaca louca, em 2011, as restrições caíram rapidamente.

A Lava-Jato continua a jogar água quente na sujeira nacional, especialmente na turma do andar de cima, como jamais aconteceu em nosso país. O impeachment de Dilma e o desnudamento de Lula mostrou ao andar de baixo e até aos milhões que vivem no porão quão perversa é a demagogia que os assola — em troca de migalhas — manchando a democracia e as eleições. Em consequência, os ricos e os poderosos passaram a temer a lei e a cadeia e os pobres ficaram bem mais alertados contra o PT e as esquerdas que deles se aproveitaram para gozar as benesses do poder.

Falta agora o Ministério Público ser menos aparecido e a Polícia Federal, mais consciente de que suas funções não são midiáticas, a ponto de — pura vanglória — causar ao país perdas econômicas imensas. Trabalhem em silêncio. Não politizem ou condenem setores inteiros de nossa economia. É crime de lesa-pátria e está no Código Penal e de Processo Penal. Dá-se que o Brasil é forte demais na exportação de proteínas animais e logo recuperar-se-á. O governo Temer atua afinado para desfazer a crise cretinamente criada por policiais ávidos de holofotes.

Vamos aos fatos nessa área. Carne bovina: Brasil 1.922,00 toneladas; Índia: 1.722 toneladas (com carne de búfalo, sobe para 1.950 toneladas, mas a carne não se compara à do Brasil); Austrália: 1.525 toneladas; e Estados Unidos: 1.144 toneladas. Frango: Brasil: 5.304 toneladas; Estados Unidos: 2.990 toneladas; União Europeia: 2.350 toneladas; e Tailândia: 580 toneladas. Suínos: União Europeia 2.350 toneladas; Estados Unidos: 2.268 toneladas; Canadá: 1.210 toneladas; e Brasil: 555,00 toneladas.

Pode-se deduzir que, se o Brasil precisa do mundo, este precisa mais do Brasil para comer carne bovina e de frango. Suas inspeções de entrada jamais detectaram podridão em nossas carnes, a não ser sabor e qualidade. O papelão, se existe, é no noticiário de uma imprensa ainda incipiente e penetrada por jornalistas da esquerda destronada do poder.

Lendo as informações de Danielle Nogueira, Gabriela Valente e Eduardo Barreto, ficamos mais tranquilizados: “A avaliação de pesquisadores e analistas do setor é de que as nações que barraram os produtos brasileiros terão grande dificuldade de substituí-los, especialmente no caso da carne bovina. Em valores, o Brasil é o maior exportador do produto: foram US$ 4,3 bilhões em 2016. O rebanho da Austrália equivale ao de Mato Grosso. E o país tem pouca disponibilidade de água”. Já os Estados Unidos têm pouca oferta de terras”, afirma Sérgio de Zen, da Esalq/USP.

Para André Nassar, ex-secretário de Política Agrícola e diretor da Agroicone, a Argentina e o Uruguai poderiam ser beneficiados com as suspensões, mas a produção de ambos é bem menor. Em 2016, as exportações argentinas somaram 210 mil toneladas e as uruguaias, 385 mil toneladas. O Brasil exportou 1,9 milhão de toneladas. As diferenças são significativas.

Pelo tipo de corte, argentinos, uruguaios e até australianos poderiam aproveitar essa janela de oportunidade. Mas, estruturalmente, é quase impossível substituir o Brasil. A suspensão vai ser revertida, embora os prejuízos sejam imensos e tanto maiores enquanto durarem os embargos. O Brasil, depois da queda da recessão, leva agora o coice do boi, tudo por conta de uns policiais boquirrotos.

Juntos, China e Hong Kong respondem por mais de 30% das vendas externas de carne bovina. No frango, a China é o segundo destino das exportações. E é no Brasil que têm origem 70% das importações chinesas de aves, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). “No mercado de frango, também é difícil substituir o Brasil”, diz Ricardo Santin, vice-presidente de mercado da ABPA.

Em outras situações de embargo a produtos brasileiros, como no caso da vaca louca, em 2011, as restrições caíram rapidamente. À época, o Canadá suspendeu as importações de carne. Parceiros no Nafta, México e Estados Unidos o seguiram. Mas, por pressão de empresários americanos que usavam a carne em vários produtos, o governo dos Estados Unidos voltou atrás.

Em evento com investidores, o presidente Michel Temer disse que o “grande alarde” não pode ficar “impune” e minimizou as descobertas da operação: “Tomo a liberdade de mencionar números para verificar a insignificância do fato. Temos cerca de 4.383 plantas frigoríficas no Brasil. Apenas três tiveram suspensas suas atividades. E 18 ou 19 estão sendo objeto de apuração”.

De fato. O alarde amplificou uma rotina de fiscalização. Em todos os setores, há malfeitos e malfeitores, mas, no caso, vale o ditado de nossos ancestrais portugueses: “Trata-se de tempestade em copo d’água”. Assim é. Mas os prejuízos serão irreversíveis. É preciso botar no seu lugar a Polícia Federal. Autônoma? Equiparação à renumeração dos juízes? Independente e indivisível como o MP? Depois dessa, nem pensar!

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